A ideia é que mulheres que decidiram abortar sejam acolhidas na rede de saúde e recebam informações sobre alternativas, riscos e métodos.
“Isso não existe, nós vamos para cima”, afirmou o deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica.
O tema será tratado na reunião da bancada evangélica na terça-feira. Campos diz que serão pedidas audiências com os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral).
“Vamos colocar com veemência nossa posição e nossa disposição de fazer enfrentamento se o governo levar isso para frente”, avisa ele.
Há quem fale em obstrução das sessões no Congresso -como em 2011, com o “kit gay”, material para combater a homofobia nas escolas que não chegou a ser distribuído.
“Vem o Executivo, com o artifício do dano, legalizar o aborto. Estão desrespeitando o que a presidente Dilma Rousseff disse na campanha [quando se comprometeu a não mexer na lei para aprovar o aborto], diz o advogado católico Paulo Fernando Melo, vice-presidente do movimento nacional Pró-Vida e Pró-Família.
O pastor Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também subiu o tom. “É política de safadeza”, afirmou. “Que questão de saúde pública é essa que mata o bebê? Tem que ser para proteger os dois [mãe e filho]. É a maneira maquiada de se ensinar e motivar o aborto.”
O assunto também repercutiu na rede on-line que reúne o movimento de mulheres. “É um avanço no direito à informação, tema que vem mexendo muito com o movimento feminista”, explica Telia Negrão, do conselho diretor da Rede Feminista em Saúde.
“A informação tem que guiar a possibilidade de ação no mundo”, diz Margareth Arilha, do Núcleo de Estudos da População (Unicamp).
“Há a estratégia argumentativa de que seria incitamento ao crime, mas é o mesmo debate que existiu sobre drogas no STF. E o tribunal disse que o direito de informação, de manifestação, deveria ser preservado. Não combina mais com o Brasil essa argumentação.”
(Fonte Folha de São Paulo)