A Igreja Pentecostal Deus é Amor, uma das maiores igrejas evangélicas do Brasil, está sendo acusada por um ex-integrante de utilizar ofertas dos fiéis para comprar um imóvel e revendê-lo posteriormente para a própria instituição por R$ 4 milhões. O advogado Francisco Tenório, que já foi fiel da igreja, fez a denúncia ao Intercept.
Segundo Tenório, a igreja realizou campanhas para arrecadar ofertas dos seguidores em seus cultos, a fim de comprar o prédio situado na Avenida Mateo Bei, 2567, no bairro de São Mateus, em São Paulo, por R$ 350 mil em janeiro de 2000.
O imóvel foi registrado em nome de David Oliveira de Miranda, filho do pastor David Martins de Miranda, fundador da Deus é Amor, e de sua esposa na época, Raquel Borges de Miranda.
Entretanto, em dezembro de 2017, após a separação do casal, o imóvel foi vendido novamente à Deus é Amor por R$ 4 milhões, como comprova o registro do cartório. Segundo Tenório, ele assinou um termo de compromisso de compra como testemunha.
“O imóvel foi comprado com dinheiro de ofertas para ser uma sede regional. E a igreja dizia que era um templo próprio. Eles ‘venderam’ o templo próprio para a própria Deus é Amor por R$ 4 milhões. Foram R$ 2 milhões para o David Filho e R$ 2 milhões para a Raquel Borges. Eu assinei um termo de compromisso de compra, como testemunha, com a data de 6 de dezembro de 2016” disse o advogado.
O advogado afirma que essa transação configura estelionato, pois o bem foi adquirido com dinheiro da igreja, e David Miranda dizia que era um templo próprio da instituição, mas o colocou em nome do filho para proteger a família. David Oliveira de Miranda, ou David Filho, não faz mais parte da Deus é Amor e fundou sua própria igreja, a Igreja Pentecostal Santificação no Senhor, no bairro do Brás, em São Paulo.
“Como esse bem foi incorporado ao patrimônio do David Filho, em 2000, isso configura estelionato, pois o bem foi adquirido com dinheiro da igreja e o próprio missionário David Miranda dizia que era templo próprio da instituição. Mas pôs no nome do filho para proteger a família”, conluiu o advogado.
Após a reportagem publicada pelo The Intercept, a IPDA ainda não se manifestou sobre as acusações.