Em São Paulo, um vasto templo pertencente à Igreja Mundial do Reino de Deus, liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, está sendo posto a leilão para saldar débitos da instituição religiosa. Anteriormente, o local abrigava apartamentos, auditórios, salas de ensino e tinha capacidade para estacionar até 800 veículos.
Com uma área total de 46 mil m², o imóvel tem valor inicial estimado em R$ 38,5 milhões para o leilão programado para iniciar em outubro.
A situação evidencia desafios financeiros enfrentados pela denominação nos últimos tempos. Documentos do Tribunal de Justiça de São Paulo indicam cerca de 11 mil processos movidos contra a igreja, em sua maioria por pendências financeiras. Porta-vozes da instituição atribuem as dívidas à pausa nas atividades presenciais durante a pandemia, visto que dependem majoritariamente de dízimos.
A decisão judicial de leiloar o templo visa a liquidação de uma dívida de R$ 881 mil relacionada a outra sede da igreja, situada em Ubatuba. Após condenações em duas instâncias, a Mundial esgotou suas possibilidades de recurso. O imóvel estava inativo há dois anos.
Segundo o site Superbid Exchange, encarregado do leilão, o complexo é composto por um edifício administrativo de cinco andares, um galpão de 17 mil m² com altura de 10m e estacionamento para mais de 800 carros e 160 motocicletas.
Localizado em Santo Amaro, o templo pode acomodar até 20 mil fiéis, sendo 13,5 mil sentados. Relatos de líderes antigos da igreja ao Estadão mencionam que o espaço, inaugurado em 2014, continha cômodos que simulavam apartamentos.
Além dos problemas com o templo, a igreja enfrenta desafios em um canal televisivo em Curitiba. Em rivalidade com a Universal, a Mundial investiu em contratos vultosos para aquisição de horários de transmissão. Os cultos ocupam grande parte da programação na Ideal TV, um canal por assinatura. Apesar dos custos terem sido reduzidos pela metade, ainda representam valores expressivos.
Funcionários da emissora, que recentemente protestaram por salários atrasados, apontam para problemas administrativos e gastos excessivos. Em defesa, a Mundial alega ser uma organização sem fins lucrativos sustentada por dízimos e doações voláteis. A igreja não emitiu declarações adicionais à imprensa.