Um pedido da Igreja Internacional da Graça de Deus, liderada pelo missionário R.R. Soares, pode despejar mais de 200 famílias de um terreno na Zona Norte de São Paulo.

De acordo com a defesa dos ocupantes, os dirigentes religiosos se recusam a negociar. O cumprimento da ordem de reintegração de posse está previsto para o dia 25 de maio.

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Das 500 pessoas que ocupam o local, pelo menos 100 são crianças, e também há deficientes.

A ocupação se formou na madrugada do dia 30 de dezembro de 2020, na Rua Afonso Lopes, no bairro Vila Cachoeirinha. O local ocupado leva o nome de “Comunidade Penha Brasil”.

Na mesma data da ocupação, um representante da Igreja da Graça registrou uma “invasão” na 72ª Delegacia de Polícia Vila Penteado. Os “invasores” estavam “com foice e enxadas para limpar e retirar o mato”, dizia o boletim de ocorrência.

De acordo com os relatos, um segurança percebeu a invasão do terreno e alertou os outros seguranças da Igreja. Em seguida, a Polícia Militar foi chamada.

Entretanto, as famílias abordadas pela PM teriam se recusado a saírem do local por não haver uma ordem judicial.

No dia 31 de dezembro, ou seja, um dia depois da invasão, a juíza Paula Fernanda de Souza Vasconcelos Navarro, plantonista na Comarca de São Paulo do Tribunal de Justiça estadual, autorizou o pedido de liminar de reintegração de posse movido pela Igreja. Faltava, então, emitir um mandado para o despejo.

O ativista Alexandro Fernandes da Silva, presidente do Instituto Sidney Fernandes, que acompanhou as famílias na ocupação, acionou advogados para pedir a suspensão da liminar em 7 de janeiro deste ano.

Os defensores apontaram que o terreno não tinha “nenhuma edificação” e que “encontrava-se abandonado”, com débitos de IPTU de aproximadamente 200 mil reais.

Também foi apresentado que os ocupantes são pessoas pobres, “que ganham, em sua maioria, menos de um salário mínimo ao mês”, e que as famílias não têm outra opção de moradia.

A atitude da igreja de R.R. Soares foi classificada pelos advogados como “lamentável”, pois pediu à Justiça para desabrigar os ocupantes.

“Trata-se de uma atrocidade querer retirar a moradia dessas famílias, e o que é ainda mais grave, a solicitação sendo feita por uma Igreja que se declara na mídia como uma instituição que acolhe e ajuda a população”.