A política brasileira é conhecida pela sua dinamicidade e pelas reviravoltas surpreendentes. Prova disso é a recente situação em que se encontra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Antes visto como uma figura proeminente dentro da comunidade evangélica, cujo apoio poderia significar uma grande alavancagem nas próximas eleições presidenciais, agora parece enfrentar dificuldades de articulação com este importante grupo.
A comunidade evangélica, que representa mais de 30% da população brasileira, sempre teve um peso significativo na política nacional. Entretanto, a crescente distância entre Freitas e essa comunidade cria um espaço para uma nova figura surgir: Damares Alves, a atual senadora pelo Distrito Federal e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar de Tarcísio de Freitas pertencer ao mesmo partido de Damares, o Partido Republicanos (PR), o nome da ex-ministra tem sido levantado como uma alternativa viável para a disputa presidencial de 2026. Vários parlamentares dentro do partido têm destacado a importância de seu currículo, principalmente por sua forte ligação com a comunidade evangélica.
“É um nome muito bom por conta do currículo que tem junto aos evangélicos, aos cristãos”, afirma o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), ex-líder da bancada evangélica. Esta avaliação é compartilhada pelo deputado Eli Borges (PL-TO), ex-presidente da frente parlamentar evangélica, que considera Damares uma boa candidata.
Damares, por sua vez, tem demonstrado intenções ambíguas quanto à disputa. A senadora, cujo mandato atual estende-se até 2030, afirmou que completar oito anos de mandato é o que “está em seu coração” no momento. Contudo, em declarações recentes, pediu para não ser esquecida como uma potencial candidata à presidência em 2026.
Não obstante a ambiguidade de suas intenções, a ex-ministra tem sido vista como uma figura com forte apelo junto aos evangélicos. Durante sua gestão como ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, destacou-se por seu posicionamento firme, muitas vezes controverso, que refletia a intersecção entre religião e política.
Embora ainda seja incerto qual será o rumo do PR nas próximas eleições presidenciais, a crescente dificuldade de Tarcísio de Freitas em articular-se com a comunidade evangélica e a potencial candidatura de Damares representam um exemplo claro da volatilidade e complexidade da política brasileira.