Em uma recente decisão judicial, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), sob a liderança de Edir Macedo, foi condenada a compensar um ex-pastor com R$ 100 mil. O motivo da indenização decorre de alegações do ex-pastor de ter sido coagido a se submeter a uma vasectomia, um requisito para pastores que desejavam casar-se, segundo ele. A juíza Franciane Aparecida Rosa, responsável pelo caso, considerou insuficientes os argumentos da defesa da IURD, confirmando a existência de pressão para que o procedimento fosse realizado.
Esta questão veio à tona após o colunista Rogério Gentile, do UOL, divulgar entrevistas com ex-pastores da Universal, que corroboraram as acusações levadas à Justiça.
A Universal, por sua vez, negou as acusações, descrevendo-as como falsas e ofensivas. A igreja argumentou que há muitos bispos e pastores com filhos, evidenciando que não há uma política de esterilização forçada. A IURD enfatizou seu apoio ao planejamento familiar, considerado uma decisão privada de cada casal, e anunciou que recorrerá da decisão judicial. A instituição também destacou uma estatística favorável em julgamentos anteriores, mostrando um histórico de decisões judiciais majoritariamente ao seu favor.
Dois ex-pastores da IURD, Marcelo Roque e Sávio (nome fictício), ofereceram informações sobre as práticas internas da igreja, relatando uma cultura de coação e controle. Roque mencionou que, durante seu tempo na igreja, a vasectomia era vista como uma dedicação exclusiva à “obra de Deus”, enquanto Sávio descreveu a esterilização como uma imposição para aqueles comprometidos com a liderança, sob ameaça de punições severas.
Os depoimentos dos ex-pastores detalham uma estrutura em que a submissão e o sacrifício pessoal são extremamente valorizados, com a liderança justificando tais exigências como necessárias para o serviço divino. Essa política teria contribuído para uma atmosfera de medo e obediência cega, onde questionamentos ou desafios às diretrizes da igreja resultavam em reprimendas e penalidades.