O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD-SP) manifestou insatisfação com a posição de seu partido em relação ao projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Durante sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (10), Cezinha criticou o líder do PSD, Antonio Brito (BA), por não orientar a bancada a votar a favor do projeto.
Cezinha, que já foi líder da bancada evangélica e é um dos membros mais influentes do grupo, fez um apelo para que o PSD, ao menos, liberasse os deputados para votar conforme suas preferências. O parlamentar, que foi ovacionado por deputados bolsonaristas presentes na CCJ, deixou claro seu descontentamento com a postura de Brito.
“O Brito, como candidato [à presidência da Câmara], deveria ter feito um gesto orientando o ‘sim’. Como ele não pôde, significa que não terá os votos desse grupo aqui que defende a anistia”, afirmou Cezinha. Ele ressaltou que a decisão de Brito foi uma perda significativa, principalmente em um tema tão sensível para os parlamentares bolsonaristas. “É uma perda para ele não dizer ‘sim’ em um tema como esse”, completou o vice-líder do PSD na Câmara.
Tensão entre aliados
A votação do projeto de lei foi adiada após tentativas de obstrução por parte de deputados governistas e representantes de uma ala do União Brasil, que apresentaram requerimentos para inclusão de novos projetos na pauta, além de tentarem retirar a proposta da discussão. No entanto, as tentativas foram derrotadas e o projeto deverá voltar à pauta em breve.
A presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), indicou que o tema será retomado na quarta-feira (11), mas a votação pode ser novamente adiada caso haja pedidos de vistas, dando mais tempo para análise.
A divergência dentro do PSD em relação ao projeto de anistia revela as tensões políticas que cercam a sucessão do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com Antonio Brito se posicionando como pré-candidato. No entanto, a falta de alinhamento com a ala bolsonarista pode comprometer seu apoio dentro da bancada, como alertado por Cezinha.