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quinta-feira, maio 2, 2024

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Igrejas evangélicas inclusivas questionam leitura bíblica ‘opressiva’

O pastor Chlisman Toniazzo, fundador e líder da Arena Church em Brasília, conta que nasceu em um lar cristão e que desde criança ia à igreja. Mesmo assim, aos 19 anos, foi expulso de casa por assumir que era gay.

Toniazzo afirmou que tentou não aceitar a sua sexualidade para continuar na igreja que frequentava, chegando a se submeter a terapias de “cura gay”, jejuar para Deus curá-lo, e até entrou em um relacionamento heterossexual.

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No fim, percebeu que não podia mudar quem era, foi expulso da igreja e abandonado pela família. Diante disso, ele resolveu abrir uma igreja para acolher pessoas LGBTQIAPN+ .

“Cheguei a buscar em outras religiões uma espiritualidade que achava que não conseguiria conciliar em uma igreja cristã, mas eu ainda não me sentia completo nelas. Foi quando, em um dia aleatório, vi na TV uma igreja fundava por um casal de pastores gays. Quando vi, pensei ‘isso é coisa do diabo, não existe isso’. Imagina eu, de uma cidade do interior de Santa Catarina, sabendo disso. Mas ao longo do programa eles deram explicações bastante coerentes e, assim que acabou, fui estudar mais sobre e percebi que realmente dava para conciliar minha homossexualidade com a minha fé cristã”.

O revendo Christiano Valério, coordenador Geral das Igrejas da Comunidade Metropolitana no Brasil (ICM), soma o debate afirmando que, para as pessoas que se descobrem LGBTs em comunidades cristãs fundamentalistas, as tentativas de “curar sua atração” pelo mesmo sexo podem ser mais traumáticas do que uma rejeição total.

“É tudo muito perverso, palavras de ódio e rejeição são operadas com voz mansa com uma capa de ‘amorosidade’, isso vai sendo interiorizado e o ódio e a vergonha por si é instalado. Não à toa, pessoas LGBTs que cresceram em lares cristãos fundamentalistas sofrem tanto com homofobia internalizada, autossabotagem e outros transtornos”.

Para Bob Luiz Botelho, fundador do Evangélicxs Pela Diversidade e pastor da Iglesia Antigua De Las Américas, “Aceitar pessoas intersexo na igreja é assumir que Deus não fez ‘apenas homem e mulher’, como se distorcem nos textos bíblicos, porque corpos intersexo passam a ser celebrados como expressão da criatividade divina. Aceitar pessoas trans na igreja é dizer que ninguém tem controle ou sabe o ‘plano de Deus’ para vida de uma criança, porque ela não precisa corresponder a nenhuma expectativa criada sobre ela, nem a do gênero atribuído”,

Felipe Heiderich, ex-pastor que tornou pública sua orientação sexual em 2021, diz que, ao longo da história, a Bíblia também já foi usada para condenar as mulheres, fazendo com que elas fossem queimadas na Idade Média, os negros, na época da escravidão, e hoje, as pessoas LGBTQIAP+.

Ele argumenta que o ataque se deu, sobretudo por já ocupar um posto de liderança dentro da igreja que frequentava.

“Satanás é um inimigo utópico, as pessoas não veem Satanás, e as igrejas precisam de um inimigo real para poder bater de frente e dizer se você não frequentar aqui, a sua família será destruída”.

Arena Church, Comunidade Cidade de Refúgio, Igreja Cristã Contemporânea, ICM-Séforas, Evangélicxs pela Diversidade, as Igrejas da Comunidade Metropolitana (ICM), Igreja Apostólica Novo Templo Internacional (Ianti) e tantas nascem visando acolher, modificar e libertar concepções negativas sobre pessoas LGBT+ e como a fé cristã pode ser alinhada com suas vidas.

“Quem condena é o homem e nunca Deus. Esses espaços levam a palavra da verdade, os tirando de toda mentira que só serviu para os trazer dor”

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