back to top
quinta-feira, maio 2, 2024

Top 5 da semana

Jessé Aguiar grava vídeo e assume: “Eu sou gay”

Em um vídeo publicado nas redes sociais neste domingo, Jesse Aguiar, ex-cantor do cenário da música gospel, fez uma revelação surpreendente: ele é gay. O anúncio veio alguns meses depois de Aguiar ter se desligado da indústria da música gospel.

Aguiar, que sempre foi conhecido por sua voz inconfundível e seu talento para tocar corações através da música, compartilhou sua jornada pessoal de autoconhecimento e aceitação com o público. Ele revelou que descobriu sua homossexualidade aos 12 anos e, aos 14 anos, confiou essa verdade a sua mãe, uma mulher que, apesar de viver em um ambiente familiar conservador, acolheu e amou o filho.

📱 Participe dos canais do Fuxico Gospel no WhatsApp.

“Essa notícia é um alívio para mim”, confessou Jesse no vídeo, expressando o peso que tem carregado por tantos anos. Aguiar descreveu sua experiência na indústria da música gospel como um “inferno”, pois teve que lutar contra sua identidade sexual. Ele falou sobre a pressão de esconder sua verdadeira identidade e a luta constante para se encaixar em um cenário que não aceitava plenamente quem ele era.

A reação dos fãs ao anúncio de Jesse Aguiar foi de apoio e admiração. Eles aplaudiram o artista pela coragem de assumir publicamente sua sexualidade, parabenizando-o por abraçar e ser quem ele realmente é. Muitos deles expressaram o desejo de que a história de Jesse inspire outros a serem autênticos e verdadeiros consigo mesmos, independentemente do cenário ou ambiente em que se encontram.

Assista:

Leia o depoimento de Jessé Aguiar na íntegra:

Oi pessoal, meu nome é Jessé. Eu tenho 21 anos de idade e sou gay. Eu acho que isso para alguns vai ser um choque, né? Ou para outros não, né? Algumas pessoas vão ficar tipo “meu Deus, eu não sabia”, outras vão falar “eu já desconfiava”, como já sempre falam, e outras vão até brincar com isso. Tudo bem. Mas, na verdade, eu não tô aqui para confirmar boatos, eu não tô aqui para afirmar teses e nada disso. Eu tô aqui mesmo para cumprir e fechar um processo ao qual eu venho vivendo desde os meus 12 anos de idade.

Com 12 anos de idade, eu descobri sobre a minha sexualidade, e eu venho de uma família cristã, sou de um berço evangélico. E a gente sabe que esse contexto é um pouco complicado para pessoas que são gays. Eu descobri com 12 anos, mas eu acho que eu não contei para ninguém a respeito disso, eu guardei para mim mesmo, até porque, como eu disse, o contexto que eu vivi reprimia bastante essa questão. Guardei para mim mesmo, mas com 14 anos de idade, já não tava dando conta mais de guardar e sufocar isso dentro de mim, sabe? Eu tive que contar para minha mãe.

Eu tô um pouco nervoso, eu tô acostumado com câmera, essas coisas, mas acho que falar sobre isso tem sido muito peculiar. Sabe, quando eu contei para minha mãe, eu acho que foi um choque, eu acho, não tenho certeza, porque eu acho que muitos pais eles meio que projetam os seus filhos. Tipo, ele nasceu, a gente vai criar ele, ele cresceu, se tornou um jovem, logo mais ele vai entrar numa faculdade, logo mais vai levar uma esposa, vai ter filhos, formar uma família, e é isso. Então, eu acho que, 90% dos pais, o projeto é uma vida dos seus filhos assim. E eu acho que os meus pais não foram diferentes. Desde quando eu era pequeno, eles sempre projetaram quem eu seria na cabeça deles. Eu acho que isso é algo natural. E quando a minha mãe se deparou com o filho dela gay e tudo mais, eu acho que isso meio que assustou ela, de certa forma.

Contei para minha mãe, fui sincero com ela. No começo, não contei para muitas pessoas. Eu lembro que na época eu namorava uma menina, eu cheguei a comentar com ela, ela foi muito empática comigo e teve muita paciência. Logo mais, fui crescendo, crescendo e comecei a descobrir coisas e filosofias que batiam mais ou menos com aquilo que eu acreditava e com aquilo que eu estava vivendo. E foi aí que começou realmente uma luta, sabe? Dentro de mim, uma coisa interna, porque o contexto que eu estava vivendo me pedia para lutar contra aquilo que tinha dentro de mim. Só que ao mesmo tempo, lá no fundo, eu sentia que não tinha muita coisa errada, sabe? Eu sentia que não era uma coisa normal. Só que eu precisava l

utar justamente pelo ambiente, justamente pelo contexto, justamente pela trajetória que eu tinha caminhado, pela jornada, enfim, pela minha família, pela igreja, enfim. E eu comecei a lutar, e foi aí que eu comecei a viver, eu acho que literalmente, o inferno, porque eu comecei a reprimir algo dentro de mim que não existia nenhum método. Eu falo isso de coração, totalmente sincero, nenhum método, nenhum conseguiu arrancar, sabe, esse lado. E eu comecei a fazer campanha de oração, subir montes, esse monte propósito, pedir oração para algumas pessoas. E eu orava, eu lembro que teve madrugada que eu virei a noite orando e chorando, falando “Deus, tipo, arranca isso de mim, já que isso não é certo, sabe? Tira, pelo amor de Deus.”

E quando eu percebi que eu tava convivendo com algo que não combinava com o ambiente que eu estava e que provavelmente eu teria que viver uma mentira e que provavelmente eu não poderia externalizar isso, foi onde eu comecei a desenvolver depressão e ansiedade. Eu me sentia mais ou menos como uma peça de um quebra-cabeça que não é daquele quebra-cabeça. E eu comecei a me culpar, sabe? Eu comecei a me auto sabotar. E eu lembro que diversas vezes durante o dia, eu chorava e eu falava “Por Deus, mas é só tirar, sabe? É só arrancar, é só eliminar, é só isso que eu te peço, só isso.” E eu comecei a ter esse tipo de luta interna. E isso começou a desgastar muito, muito a minha alma e meu coração. Foi onde, como eu disse, eu desenvolvi a depressão, desenvolvi ansiedade. Só que eu não queria contar para as pessoas porque, por que eu tava depressivo? E por que eu estava ansioso? E foi onde eu comecei a me aproximar muito, muito, muito, muito da questão espiritual, com Jesus.

Eu sempre gostei muito de compor, sempre gostei muito de escrever. E eu comecei a narrar através das canções todos esses capítulos que eu vivi. E foi onde nasceram canções que hoje as pessoas escutam e ajudam elas, especificamente nessa área da depressão, ansiedade. Eu acho que a virada de chave na minha vida a respeito disso, de olhar para mim mesmo e não me sentir mais culpado, de olhar para mim mesmo e não me sentir mais julgado ou auto sabotado, foi quando eu tentei o suicídio, mais ou menos ali em 2020. E depois disso, eu parei, diferente do espelho, olhei para mim mesmo e falei, “cara, não tem nada de errado com você, sabe? Não existe nada de anormal, não existe nada de diferente só porque você é gay.” E quando eu aderi essa autoaceitação, foi quando as coisas começaram a se tornar mais leves para mim. Porque eu olhava e achava tudo muito natural, tudo muito normal. E comecei a me aceitar, me aceitar da forma que eu sou

. Então, já não tinha mais aquela questão de eu me julgar, sabe, de eu me condenar a mim mesmo. Não tinha mais essa questão. E foi onde eu comecei a trilhar um caminho, sabe, a viver um processo, abrir uma jornada que eu acho que foi o caminho que me trouxe exatamente até onde eu tô agora.

O autoconhecimento foi muito importante para mim, sabe, me conhecer. Eu acho que quando a gente se conhece, a gente tem certeza de quem nós somos e nada do que é externo consegue mudar aquilo que é interno dentro de nós. E foi quando eu comecei a olhar para as minhas características, foi quando eu comecei a olhar e falar, “cara, tu é um cara incrível, tu é uma pessoa incrível, de um caráter incrível, de uma índole incrível. E não vai ser a sua sexualidade que vai mudar isso.” Que narraram, contaram em detalhes tudo que eu vivi, esse processo da autoaceitação, de até mesmo da autonegação, do alto julgamento. E eu comecei a escrever essas canções, tudo aquilo que eu vivi, sabe, tipo tudo aquilo que todos os episódios que me levaram às vezes a querer me matar, que me levaram à depressão, que me levaram à ansiedade. E eu deixei essas canções guardadas. E ali, por meados dos meus 19 anos de idade, foi quando eu comecei a enviar essas canções para algumas gravadoras. E uma dessas gravadoras pegaram as minhas composições e me fez o convite para estar cantando, interpretando essas minhas canções.

Só que lá no fundo, bem no fundo, eu sabia, sabe, que às vezes isso poderia ser uma má ideia. Eu tinha muito essa sensação. Só que eu precisava tentar e eu queria muito, porque eu cresci no ambiente onde eu cantava, sabe, as pessoas para mim e falavam “um dia você vai cantar, um dia as pessoas vão te ouvir, vão ouvir as suas canções, o Brasil todo vai te escutar”. Só que eu nunca tive muita essa questão como algo crucial, como algo essencial dentro de mim. Eu só queria produzir as minhas músicas e eu queria muito escutá-las produzidas e cantar, por exemplo, na igreja. Sabe, só isso. Mas eu acho que tudo é um propósito. Realmente tinha que acontecer. Eu gravei as músicas, as pessoas escutaram e se identificaram. O Brasil todo escutou, pessoas de diversas cidades, países me escutaram. E quando eu comecei a perceber que a área que eu mais atingia, que o lugar que eu mais chegava, era aquele espaço, aquele ambiente onde existiam pessoas depressivas, ansiosas, eu comecei a olhar o perfil dessas pessoas. Eu comecei a entender praticamente tudo aquilo que tava acontecendo e tudo começou a fazer sentido para mim, mais ainda.

E durante esses três anos de carreira que eu tive no meio gospel, eu tive experiências que me machucaram muito, né? Mas ao mesmo tempo, me forjaram, me construíram,

sabe? Me deixaram forte, acho que para enfrentar esse momento que eu já visualizava lá atrás, desde os meus 12 anos. Só que eu precisava estar pronto. Pois é, vocês mentiram para gente, vocês ainda não sabem, você viver uma mentira, você viveu um personagem, uma fantasia, algo irreal. Não, eu simplesmente respeitei o meu tempo, eu respeitei o meu próprio espaço. E eu falei, o dia que você tiver pronto, você vai falar, você vai chegar, você vai ser sincero, você vai ser honesto. Mas primeiro, fui honesto comigo mesmo, me vi verdadeiro comigo mesmo. Sabe, e eu sei que hoje esse é o tempo, porque eu tô preparado, sabe, para entender quem eu sou, eu estou pronto para olhar para mim em busca do meu próprio propósito. Então, já não tô mais aqui querendo a sexualidade acima de qualquer outra coisa. Não, isso faz parte de mim como um todo, sabe? Da mesma forma que tem o meu caráter, que tem a minha memória, que tem a minha sexualidade, que tem a minha essência, tem o meu talento, é tudo junto. Tudo isso faz parte de um todo, faz parte de mim, entende?

Então, não tem porquê olhar para mim mesmo, tipo no espelho, e me condenar por algo que faz parte de mim. E eu não vou conseguir mudar, sabe? Não existe cura para isso. E eu acho que nem precisa de cura para isso. Eu acho que as pessoas, elas são e elas devem ser quem realmente são. E eu tô passando aqui através desse vídeo justamente pra mostrar pra vocês quem eu sou, sabe? Não, não dizendo que eu me escondi ou algo do tipo. Não, eu só tava me preparando, eu só tava vivendo aquilo que eu tinha que viver. E foi o que me preparou para eu chegar nesse momento aqui hoje. E eu quero dizer para você que tá aí atrás, que tá assistindo esse vídeo, eu tenho certeza que tem muitas pessoas que estão lá naquele lugar, que elas queriam me esconder, de não se aceitar, de se julgar, de se sabotar.

Eu quero dizer para você, respeite o seu tempo, sabe? Respeite o processo, vá devagar, caminha, vive, adquira experiência. E eu acho que no momento certo, você vai estar pronto para realmente alçar um voo, sabe? Para realmente ser quem você realmente é. Então, respeite o seu próprio tempo. E quando você estiver pronto, faça o que você tem que fazer. Esse vídeo aqui não é para instigar as pessoas a chegar e gravar todo mundo um vídeo se assumindo, algo do tipo. Não, esse vídeo aqui é para mostrar para vocês que cada um tem um tempo, cada um tem um processo, cada um tem um propósito. E é super válido a gente respeitar esses requisitos da vida para que, no momento certo, tudo aconteça de forma natural e linda.

Eu quero agradecer a todas as pessoas que me ajudaram nesse processo de autoaceitação, a todas as pessoas que me apoiaram, que seguraram a minha mão, que estiveram com

igo nesse tempo. Eu quero muito agradecer vocês por tudo, de verdade. Eu quero agradecer a todas as pessoas que me olham como um ser humano, como um garoto que sonha, sabe? Que sempre teve os seus ideais, que sempre teve os seus objetivos, que lutou por isso. E não só porque eu sou, né, tipo, conhecido, ou porque as pessoas escutam as minhas canções. Mas todas as pessoas que acordam cedo, sabe, que vão trabalhar, que lutam, que estudam. Sabe, todos os jovens que têm objetivos e sonhos, são pessoas lutadoras, sabe? São pessoas que lutam e são pessoas vencedoras.

Enfim, eu sou Jessé, vou continuar sendo Jessé, independente de qualquer coisa, independente da sexualidade, independente de qualquer coisa. Eu tô aqui, né, com a minha essência, para passar para vocês as minhas mensagens através das minhas canções. E eu espero que vocês abracem, sabe, eu espero que vocês abracem as pessoas que precisam de abraço, que precisam de uma mão, que precisam de serem escutadas a respeito disso, tá bom? Um beijo, e eu sou muito grato a vida por tudo que ela me proporcionou e, principalmente, por ter me trazido até este lugar onde eu tô agora. Um beijo, fica com Deus.

Relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, insira seu comentário!
Please enter your name here

popular